“[…] Se o mundo é mesmo uma ilusão?
Sim e não. Sim: porque as pessoas aprazem-se, por sentimento e/ou interesse em enganarem-se umas às outras. As pessoas formam o mundo humano. Não: “porque não”. Claro que isto é só uma opinião bem restrita e limitada a respeito do assunto. Na verdade, é bem certo que tudo seja mesmo uma ilusão. Uma ilusão tão disseminada, espalhada, tão acreditada, aceita, bem quista pela “grande maioria” que fica difícil — para não dizer impossível — para qualquer um afirmar ‘sim, tudo, tudo, tudo é uma ilusão’. Haverá quem negue, para retomar o que eu já dissera em algumas linhas acima. Como haverá quem afirme, embora sem muita certeza disso. Que me seja permitido afirmar, de um modo meio wittgensteiniano, que o mistério é tudo aquilo que não se pode explicar. E o que não se pode explicar deve permanecer sem explicação. (A coisa mais fácil do mundo é encerrar um assunto com argumentos óbvios. E convenhamos, como há, em demasia, pessoas que adoram os caminhos mais fáceis. Os quais nem sempre são os mais seguros tampouco os mais certos, diga-se de passagem, sob diversos pontos de vista. Geralmente pertencentes àqueles que procuram observar as coisas além de sua superfície, porque sabem que — quase sempre — há muita coisa por debaixo, muita coisa oculta.)”
Referência bibliográfica
S. Gelassen, Se o mundo é mesmo uma ilusão